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A Jornada: Uma “carta?” a um amigo.

Foto do escritor: Thiago EggThiago Egg



Bom dia, boa tarde, boa noite, mano Herédia. Neste documento inseri todos os insights gerados durante a madrugada do dia 07 de Novembro de 2024 para te ajudar a alcançar um resultado fora da curva no seu projeto de identidade visual. Comecei esse texto escrevendo sobre as imagens que você me enviou no WhatsApp, pontuando coisas como escolha tipográfica, cores, sobre os símbolos escolhidos para representar o seu conceito, e até mesmo sugerindo alterações que acreditava serem mais efetivas e criativas.


Mas admito que na metade do caminho percebi que tudo não se passava de apenas opiniões pessoais que poderiam não refletir a realidade, e que provavelmente não te ajudariam a alcançar o seu objetivo. Visto isso, dei Cmd+A e apaguei tudo. Acredito que te ajudar a pensar e a chegar no seu próprio caminho será muito mais valioso para os dias a seguir.


Provavelmente, algumas das informações adicionadas nesse texto já serão de seu conhecimento, mas acredito ser importante revisitar os insights e enxergar um outro ponto de vista para expandir ainda mais o seu potencial criativo.


Lembre-se sempre disso: O principal papel de um Diretor de Arte é buscar as melhores maneiras de contar uma história memorável, que nem sempre é visual, e utilizar todo o seu repertório para torná-la única.


Irei ao máximo tentar te inspirar a buscar o seu melhor, acreditar em si mesmo, e quem sabe, te ajudar a chegar mais próximo dos seus sonhos.


Veja esse documento como mais um (R.I.P.) “Comitê de Criação” (kkkrying). Leia. Releia. Imprima e cole na sua parede. Ou apenas ignore, você quem sabe. Mas saiba que cada letra digitada aqui veio do coração de alguém que se importa de verdade com o seu sucesso, e que anseia em compartilhar mais uma vez a oportunidade de criarmos juntos.


Enjoy the ride, bro.


  • Thiago Egg, Diretor de Arte, Designer Gráfico, Ilustrador e, acima de tudo, criativo.



Faça as perguntas certas.


Um dos principais ensinamentos na minha jornada até então, é que fazer as perguntas certas é muito mais importante do que realmente respondê-las. Como dizia Albert Einstein: "Se eu tivesse só 1h para salvar o mundo, gastaria 55min definindo as perguntas e apenas 5min encontrando as respostas. Existem perguntas tão boas que não valem ser respondidas rapidamente".


Esse pensamento fez com que ele na maioria das vezes alcançasse respostas para perguntas que ninguém nunca fez, fazendo com que sua pegada no mundo ficasse tão imortalizada quanto à deixada na lua por Neil Armstrong em 20 de Julho de 1969, durante a missão Apollo 11.


Pense em cada projeto como uma oportunidade de fazer novas perguntas, e quando chegar em um beco sem saída, sem saber como prosseguir, é nessa hora que a diversão de verdade começa. Nesses momentos é necessário deixar de lado a pressão auto-imposta e começar a se divertir, esquecendo o senso comum e descobrindo seus novos limites. A cada passo adiante, mais próximo da pergunta certa você irá estar. Você vai saber quando encontrá-la, será o seu momento “Eureka!”. Será tão óbvio que você irá se perguntar “caralho, como foi que eu não pensei nisso antes!?”.


Então não se deixe dar como satisfeito com a primeira ideia que vier na cabeça. Ideias não são filhos para você carregá-las pra todo lado. Ideias são apenas ideias, coloque-as numa gaveta sem fundo e parta pra próxima.


Comece com perguntas bobas e óbvias, as clássicas “o que é”, “quando foi que”, “onde”, “quem foi”, e parta para as hipóteses “e se”. Não tenha medo de perguntar e questionar, de duvidar, utilize-as como sua bússola criativa para entender mais sobre diversos assuntos que podem ou não ter a ver com o que você está buscando. Os melhores criativos são os que possuem um oceano raso de conhecimento, não os que possuem uma piscina profunda sobre um determinado assunto.


E por favor, não se esqueça, divirta-se em todo o processo. Acredite em mim, isso vai fazer a diferença no final.



O que é ser criativo?


Você se lembra daquela palestra que ministrei sobre criatividade na Moon Ventures? Aquele “treinamento” foi só a ponta do iceberg do universo de possibilidades que a criatividade te permite ter.


Recentemente descobri que bons criativos são aqueles que conseguem pegar 2 pontos que aparentemente não tem nada a ver um com o outro, e chegam a um terceiro ponto que as unem de forma boba, óbvia, mas única.


Um bom exemplo disso é essa ideia da FCB Brasil para CNA.


Primeiro ponto: Existem jovens estudantes de inglês no Brasil que não possuem a oportunidade de praticar inglês no dia a dia.


Segundo ponto: Existem idosos americanos em asilos que não tem com quem conversar.


Terceiro ponto: Por que não conectar quem quer praticar inglês com quem precisa conversar?


A pergunta certa encontrada foi tão óbvia e “boba”, que ganhou não apenas um Yellow Pencil no D&AD, uma das maiores premiações de criatividade no mundo, mas recebeu um dos prêmios mais difíceis de se ganhar nessa premiação com a ideia “Speaking Exchange”. Sem contar os Leões de Cannes, One Show, Clio Awards, entre dezenas de outros prêmios ao redor do mundo.


Olhando assim parece fácil, não é? “É só pegar 2 pontos e conectá-los”.


Na teoria, sim, é bem fácil. Na prática? Requer muita prática e muitas perguntas erradas até chegar em algum lugar.


Outro exemplo mais recente que lembro de ter apresentado pra vocês foi essa ideia para Nike, a “Never Done Evolving”, em que ao se perguntarem “quem é/foi o(a) maior atleta de todos os tempos” se viram em mais um loop de perguntas até encontrar uma resposta que mudou a forma de pensar e enxergar os atletas em todo o mundo.


Não ter medo de ser criativo, e aceitar que a primeira ideia não é a melhor ideia, é apenas o primeiro passo para que você se torne um criativo melhor do que era ontem. O restante da jornada é repetir isso incansavelmente, mesmo que os outros tentem te rebaixar ou te desacreditar.


Você irá passar por diversas situações desmotivadoras que o farão duvidar de si mesmo e de sua capacidade, que seus sonhos são inalcançáveis e que você deveria se contentar com a mesmice, em ser letárgico, mas apenas você poderá dizer que você é maior que os seus sonhos.



Sobre as nossas experiências

 

Nesse mês de Outubro tive a oportunidade de ir ao Festival do Clube de Criação, em São Paulo, junto de mais de 60 criativos e estudantes da RedHook School, onde faço parte atualmente da Comunidade Criativa e do curso de Criação Publicitária. Essa viagem além de mudar a forma como eu vejo a vida e as pequenas coisas que acontecem ao nosso redor, confirmou algo que eu já vinha suspeitando há algum tempo. Nós somos fruto das nossas experiências.


No Festival, assisti diversas palestras e talks ministrados pelos maiores criativos do mundo, e participei de revisões de portfólios com Diretores Criativos, ACDs e CEOs das maiores agências do Brasil. Uma palestra em especial me chamou muito a atenção: “Como achar o seu BOW (Brand One Word)? Encontre e atinja o máximo potencial na sua carreira e na sua vida”, com Anselmo Ramos (co-founder / creative chairman - GUT).


Nessa palestra, Anselmo Ramos (não, acho que ele não é um primo perdido do Tony Ramos haha) contou a história da fundação da GUT, uma agência de publicidade relativamente nova criada em 2018, atualmente com mais de 500 profissionais criativos ao redor do globo, e que recebeu em 2023 alguns dos prêmios mais importantes e disputados no mundo em Cannes (“Agência Independente do Ano” e “Agência do Ano”). Ele contou também sobre os 3 grandes valores/pilares de cultura da agência (Coragem, Transparência e Intuição), e sobre a Brand One Word.


Essas 3 palavras, que traduzindo literalmente significam algo como “Uma palavra marca”, dizem como que muitas das grandes marcas no mundo podem ser simbolizadas a uma única palavra, que guiam suas ações e representam sua pegada no mundo. Coragem, Inovação, Magia, Esperança, Sonhos. Quais marcas te remetem a cada uma dessas palavras? Você pode pensar Nike, Apple, Disney, entre outras, certo?


E se eu te dissesse que nós também temos nossas próprias BOWs? Qual é aquela palavra que te define, que representa todas as ações que você tomou em sua vida, seja em âmbito pessoal como profissional, qual palavra faz as pessoas lembrarem de você?


Para Anselmo e para a GUT, “Quando você encontra sua palavra, você encontra seu grito de guerra interno, sua base de inovação, o ethos da sua marca e o fio condutor da sua comunicação. Você encontra seu caminho na cultura pop, na sala de reunião e na mente das pessoas. Logo, todos vão se lembrar de você por isso.


Ao fazer um pequeno exercício encontrei a minha palavra. “Apaixonado”.


A paixão é o que me move, é o que representa tudo o que faço e tudo o que vou fazer. A paixão pelo meu filho me faz sonhar, a paixão pela criatividade me faz criar, a paixão pelos meus amigos me faz me importar, a paixão pelo meu trabalho me faz querer dar o meu melhor em todo job que cai na minha pauta. E é pela paixão em tudo o que eu faço e falo que eu quero ser lembrado. Paixão essa que me fez abrir mão de muitas coisas para alcançar meus objetivos e que me dá forças para persistir e acreditar que um dia eu vou chegar lá. Eu sou um eterno apaixonado.


E foi graças a essa paixão que eu tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas na minha vida, como você, que deixaram a sua marca. Graças a ela que vivi histórias e experiências tão vívidas em minha mente a ponto de eu querer compartilhar com todos ao meu redor. E voltando ao assunto do festival, foi a paixão que me fez absorver todo aquele momento rodeado de inspirações, e direcionar minha carreira com o objetivo de impactar as pessoas com memórias que elas irão se lembrar por toda a sua vida.


Todas as nossas experiências em vida adicionam um pouco mais ao nosso repertório. Seja indo a um novo restaurante e experimentando um novo prato com ingredientes que você nunca ouviu falar. Seja indo a exposição daquele artista que você não conhece, mas que vai te fazer pensar. Seja pegando um trajeto diferente para o trabalho e reparar nas pessoas, na cidade, nas pequenas e grandes lojas, no cotidiano. Leia um livro. Ou até mesmo ouça a playlist do spotify que o seu amigo te recomendou porque achou que você iria gostar.


Todo esse repertório é o que irá te fazer ser único, ser você, te moldar, e que irá te ajudar na hora de criar com referências que só você irá trazer, com pontos improváveis que irão se conectar e gerar ideias únicas que mudarão o mundo, seja o seu ou de quem experienciar.


Não se limite às mesmas experiências que você já tem todos os dias. Busque sempre algo novo pra te interessar, veja o mundo com os olhos curiosos de uma criança de 3 anos. "Por que o céu é azul? Por que a vela de 7 dias demora 7 dias pra queimar? Por que existem pessoas fazendo as mesmas coisas todos os dias esperando ter resultados diferentes? Por que deixaram de sonhar?" Nesses momentos não existem perguntas certas nem perguntas erradas, apenas perguntas que irão te despertar do devaneio coletivo no limiar da sanidade.


Viva o presente de forma consciente para enxergar o potencial transformador que cada nova experiência carrega.



Dois passos do Paraíso


Ao encontrar nosso objetivo, nossa palavra, e nos despertarmos da inércia coletiva, podemos nos sentir perdidos em uma megalópole fantasma como um turista desavisado. Nesse momento é importante ser fiel ao que você acredita e agarrar com todas as forças aquele fio que te guiou até ali. Você está apenas a dois passos do paraíso. Se você soltar, vai ser difícil voltar.


Um ponto que me ajuda a me guiar é ter sempre alguém em que possa confiar minhas aspirações sem nenhum julgamento. Encontrei essa pessoa nos meus mestres, colegas, mentores, amigos.


Quando sonhava em ser um músico famoso, confiei aos meus professores e em músicos que eu tinha como referência. Em especial ao Leonardo Kenji Yoshioka.


Léo “Djappa”, como ele era conhecido, foi meu Mestre, alguém que me inspirava a cada encontro, um ser de coração puro e inocente, mas que tinha um grande dom além da sua virtuosidade musical. Léo se importava e se dedicava mais do que qualquer outra pessoa que conheci até hoje.


Foi ele quem me mostrou os infinitos mundos de fantasia do RPG de mesa, que me apresentou a bandas escandinavas com instrumentos que eu nunca tinha ouvido falar (ele chegou até a fabricar seu próprio Hurdy Gurdy em suas aventuras na luthieria). Léo me acompanhou presencialmente ao vestibular de música, desde os estudos corridos na semana anterior à prova prática, a biblioteca da UFMG para buscar as partituras, até o momento de executar as peças escolhidas para a banca, mesmo morando horas de Belo Horizonte. Ele esteve ao meu lado torcendo por mim como se fosse ele mesmo quem estava sendo avaliado. Léo se importava e se dedicava.


Foi ele também quem colocou minha banda pra tocar nos eventos em que ele tocava, cedendo o palco e metade do seu tempo de show para mostrar para o público “os meninos do Léo”, fazendo com que mesmo que por um breve tempo, eu tivesse tido a experiência de ser um músico de verdade.


Léo me mostrou também como é ser um pai. A forma como ele cuidava de suas filhas e de sua esposa segue até hoje como uma referência máxima de amor e afeto. E como eu retribui a tudo isso?


Da mesma forma que ele se importou e me apoiou enquanto eu estava perdido, eu o apoiava. Quando virei professor e colega de trabalho na escola em que ele dava aula, eu sempre estava junto quando tinha oportunidade, o agradecia por tudo a todo momento. Quando abriu sua luthieria, Yoshioka Custom Guitars, antes mesmo de ter uma marca, já fui logo o primeiro cliente, que o fazia acreditar que esse sonho iria dar certo. Criamos juntos o projeto da nossa guitarra, a Yoshioka#01, encomendamos as madeiras, desenhamos o projeto no AutoCAD, ajudei a escolher o maquinário mesmo sem entender do assunto. Fiz desse sonho meu.


Um bom tempo depois, quando o meu sonho de ser um músico famoso já não fazia mais tanto sentido, e me refugiei no Design Gráfico, recebi a notícia de que ele estava hospitalizado devido a Covid. A cada dia que se passava acompanhava de longe as notícias com seus familiares, fiquei junto o máximo que eu podia. Quando veio a notícia de seu entubamento, seguido do falecimento, senti que perdi ali o meu maior símbolo de força e inspiração. Não tinha mais chão. O que me conforta nos dias de hoje é saber que “os meninos do Léo” carregam o seu legado, seus ensinamentos, sua paixão. Matheus Lucena, que hoje mora em Barcelona com seu duo Docus, recentemente lançou seu primeiro disco e abriu a turnê da banda Maná em toda a Espanha (história essa que aconteceu de forma tão inacreditável que parece inventada, fica pra outro momento). Gabriel Maciel, hoje na banda do Léo, a Mago Zen, continua a inspirar todos a quem toca com sua música e coração gigante. Eu, com meu filho Bryan, dou a ele todo amor e carinho que uma criança autista precisa ter. Nós, os “meninos do Léo” iremos levar sua memória imortal a lugares cada vez mais distantes, graças a tudo que ele nos ensinou. Assim que nós estamos retribuindo.


Ainda perdido, trabalhando como Designer na Allugator, por sorte do acaso tive a oportunidade de ser liderado por Kauê Barbosa e Tiago Daltro, uma dupla de criativos que juntos possuem mais de 150 prêmios de publicidade ao redor do mundo. Foram eles que reacenderam a paixão que eu tinha esquecido que existia dentro de mim. Meus primeiros mentores.


Kauê e Daltro me mostraram a publicidade, a Direção de Arte, o mundo quase fantasioso dos prêmios, Cannes, D&AD, Clio Awards. Aquela forma de ser criativo e fazer a diferença que eu não conhecia me mostrou que eu poderia fazer aquilo pra viver. Me disseram que eu poderia ser um Diretor de Arte, me inspiraram a correr atrás desse novo sonho, e até hoje me guiam, me ouvem, me dão conselhos de vida e de carreira. Me acolhem e me apoiam em cada pequena conquista como se fossem deles. E a cada nova conquista deles, eu comemoro como se fosse um gol de pênalti nos 45’ do segundo tempo numa final da copa do mundo. Comemoro e compartilho com o mundo como se fosse minha. Agradeço a eles a cada call por tudo que tem me ensinado, pelo tempo tirado entre suas reuniões e pequenas vagas na agenda pra me ouvir falar de uma ideia, de portfólio, dos meus sonhos e dificuldades.


Foram eles que me inspiraram a buscar a RedHook School para aprimorar meus conhecimentos, fazer networking com mais profissionais criativos, a fazer meu planejamento de carreira com a Celinha e com meu novo mentor Mano Michael, e graças a todos eles e todo o apoio que tenho tido, que consegui conquistar minha vaga como Diretor de Arte em uma agência de BH.


A minha jornada ainda está apenas no começo, mas em todos os momentos tive a sorte de poder contar com pessoas que me ajudaram a me encontrar sempre que estive perdido, que me guiaram para fora da metrópole fantasma, que foram meus fios condutores para essa realidade que estamos criando juntos, para cada vez um passo mais perto do meu próprio paraíso.


Agradecer e retribuir faz parte da jornada, e minha forma de retribuir ao mundo pela sorte de conhecer tantas pessoas incríveis é estendendo a mão para todos aqueles que parecem estar perdidos, e guiá-los sempre com muita paixão, cuidado, atenção e dedicação. Essa “carta?” é um convite para que você não tenha medo de me chamar quando estiver se perdendo, quando tiver alguma pergunta, seja certa ou errada, quando quiser compartilhar uma nova experiência ou conquista para celebrarmos juntos, e espero que sirva de apoio se caso algum dia não conseguir me alcançar por alguma ironia do destino.


Coloque seu capacete vintage, arranque sua moto, e nos vemos por aí nessa estrada cheia de buracos e quebra-molas que é a vida.


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